Lembro-me do dia em que minha sobrinha nasceu. Quanta
alegria, quantos planos, quanta vontade de ser uma tia presente!
E, com o passar do tempo, de uma maneira até natural, comecei
a pensar em presentinhos para dar a ela. Cheguei a comprar alguns, coisas pelas
quais eu tinha certeza de que ela se interessaria porque já estava crescendo e
começando a mostrar suas preferências de brinquedos, desenhos da TV, etc...
E, toda empolgada, falei para a mãe dela que eu queria vê-la
para entregar o que tinha comprado. E veio o “balde de água fria”. Disse para
eu não dar naquele momento, que guardasse desse quando fosse aniversário dela, dia
das crianças ou Natal.
Perguntei o porquê, e respondeu que não gostaria que ela se
acostumasse a ganhar muita coisa, que não fosse mimada. Claro que respeitei,
afinal a mãe não era eu. Mas mesmo achando aquilo meio radical, que não faria
mal algum fazer um agrado para a criança de vez em quando... Guardei o presente.
E continuei indo vê-la. E continuei firme no propósito de
ser "a tia presente". Então eu e ela nos divertimos com brincadeiras, com
músicas, com dancinhas, lendo historinhas, com faz de conta... Muita, muita diversão
mesmo. Quando vou vê-la, praticamente cumprimento os pais quando entro, me
despeço deles quando vou embora... e o restante do tempo é só com ela.
E toda vez que eu chego lá, a alegria dela é visível. Ela
vem me receber com um super sorriso no rosto, corre para o portão, pula, ou se
esconde até eu acha-la. Fica realmente feliz, e uma criança pequena de 3 anos
não esconde nem um pouco se realmente gosta ou não da presença de alguém.
Ficamos uma semana na praia em família no comecinho do ano, praticamente 80% do
tempo fiquei com ela. Brincando na casa de esconde-esconde, de pega-pega no
quintal que era grande, de castelinho com peças de dominó, ouvindo, dançando e
cantando as musiquinhas que ela gosta, e na praia então... Era com a tia que
ela queria ir para o mar, de tanto que brinquei com ela na água.
E foi aí que percebi o quanto foi bom o suposto radicalismo da
mãe dela. Indo sempre sem presente, e brincando pra valer com ela... Percebi
que o melhor presente da tia é... A presença da tia!
Esse foi um aprendizado e tanto para mim. A melhor maneira
de conquistar a confiança e simpatia das crianças é brincando pra valer. Experimente.
Sentir isso na pele e saber que a criança te quer bem pra valer, é sensacional.
Continuarei sendo assim caso venham outras crianças na família!