sexta-feira, 11 de setembro de 2015

"Entrou um profissional qualificado na minha área... Será uma ameaça?"

Recebi um email pelo blog de uma pessoa dizendo que a empresa em que ela trabalha está contratando novos profissionais, e alguns parecem ser bem qualificados, outros nem tanto. Disse que isto está gerando boatos na empresa e que as pessoas estão com medo. E gostaria de ter dicas sobre como agir a respeito.

Em primeiro lugar achei graça, afinal, não tenho a menor vivência em RH. Agradeci por ser leitor do blog e prometi pensar no assunto. E pensei. :-) 

Vamos supor que isso aconteça na empresa em que você está trabalhando. Sentir-se ameaçado é praticamente inevitável. 

Se ele está em um cargo acima do seu, você teme que ele possa te demitir.

Se está no mesmo cargo que você, sente que sua promoção pode ser adiada.

Se está abaixo do seu cargo, sente que seu cargo pode estar ameaçado.

Fora os outros medos que aparecem. De 'puxarem o seu tapete', de 'o clima pesar', e outras coisas mais.

Quando entra um profissional assim na sua área, é preciso antes de tudo analisar se realmente ele é qualificado, ou se apenas foi um 'mestre' no marketing pessoal (já vi isso acontecer, e muito). Se é esse o caso, pode demorar um tempo, mas a verdade inevitavelmente aparece. Tenha paciência, às vezes somente a equipe consegue saber quem é a pessoa realmente, e a gerência nem sempre. Porque às vezes um suposto 'profissional' desse tem lábia, e frequentemente leva méritos sobre o trabalho alheio, é bajulador... E pior ainda, quando é do tipo 'cobra', que na frente do gerente é um 'santo' e quando este vira as costas o tal 'profissional' se revela - e nem dá pra reclamar muito com o gerente, a pessoa pode ser tão ardilosa que este sequer acredita que ela o seja e ainda acha que a equipe está sendo injusta e enciumada (Oh, mundo corporativo)... Pode acontecer dessa pessoa realmente prejudicar outras e acontecer demissões injustas. Se é esse o caso, o bom profissional que foi demitido injustamente ao menos terá a chance de entrar numa empresa que seja mais coerente. Afinal, a empresa que desconhece a verdade sobre determinados funcionários talvez não mereça alguns bons profissionais que tem e não sabe reter talentos. Mas o tempo mostra tudo, mais cedo ou mais tarde. Ok, às vezes bem mais tarde, infelizmente.

Agora, vamos supor que de fato o novo profissional tem conhecimento e trabalha bem. Alguns agem com arrogância, sentindo-se superiores aos demais, e nesse caso não tem muito o que fazer. Pode até ser que a gerência perceba isso mas acabe optando por mante-lo mesmo assim porque precisa dele (leia mais sobre isso em http://venhaereflita.blogspot.com/2015/06/sera-que-os-gerentes-nao-veem-os.html)... 

E quando entra um bom profissional que é 'gente boa' (ou não tão boa assim, mas que dá para conviver)? Você pode até se sentir ameaçado, mas você já tentou se colocar no lugar dele? Este pode até ser ameaçador para você, mas já parou para pensar nos desafios que isso representa para ele também? Veja alguns:

-Não ser aceito pelos colegas e ter seu 'tapete puxado';

-Não receber informações o suficiente da empresa, especialmente dos colegas, para desenvolver bem seu trabalho (Tem uma postagem que só fala sobre isso em http://venhaereflita.blogspot.com/2015/01/o-lider-ou-funcionario-segura-informacao.html )

-Saber que como as pessoas podem ter medo da ameaça que ele representa, ele vai precisar ser muito cauteloso;

-Saber que se for fechado demais, podem estranhá-lo, e se quiser ser simpático, podem 'desconfiar de tanta simpatia';

-Não conseguir passar o que sabe por ter medo de parecer "ousado" numa nova casa, ou porque não consegue espaço para isso, e seu talento ser desperdiçado.

Acredite, se for uma pessoa coerente, não será fácil para ele também... E quanto maior a empresa, maior a dificuldade para gerir tudo isso.

Mas, enfim. O que as pessoas não entendem é que um profissional desse pode trazer novas idéias, novos conhecimentos inclusive para elas, e que a troca de informações pode enriquecer ambos os lados. Se este profissional for bem acolhido pela equipe, além do clima ficar muito mais agradável, isso pode facilitar o trabalho de todos. O que você aprender com ele você nunca perderá, e poderá até se tornar mais qualificado por causa dele, destacando-se ainda mais nessa ou na próxima empresa na qual for trabalhar. Sem contar que ele pode até te ajudar a crescer na empresa, especialmente se você já estiver "acomodado(a)" no seu cargo, por realmente não conseguir mais expandir a sua visão por estar tão imerso na rotina.

Pode acontecer também de você ficar com o "orgulho ferido" por até então ter "reinado absoluto" talvez, mas pense. Mesmo que isso te incomode, é um convite para você inovar também. E caso não seja o caso, pense também no seguinte: Você sempre será melhor profissional do que alguns, mas também irão surgir profissionais melhores do que você. Faça o melhor que pode sempre, e não esqueça de inovar - o que pode ser auxiliado pelo novo colega.

Faça sua parte. Nada é por acaso. Mesmo que você seja prejudicado depois, sempre ficará uma lição para aprender.

Repito uma frase que já coloquei em outra postagem: 

"Uma vela nada perde quando, com sua chama, acende uma outra que está apagada." (Orison SMarden)


terça-feira, 8 de setembro de 2015

Um suicida me ensinou...

Recentemente um conhecido meu cometeu suicídio. Não pretendo, nem tenho o direito, de julgar a atitude dele. O meu intuito é simplesmente passar o que aprendi com ele a vocês.

O único objetivo dessa mensagem é refletir sobre o tema. Em respeito à memória dele, não gostaria de ler comentários que o julgassem. Se o julgamento é inevitável, guardem para si, por favor.

Ele era uma pessoa de boa família... Muito bem estruturada financeiramente. Ele foi muito bem criado, teve oportunidades, e vivia muito bem.

Ele tinha uma personalidade forte, de opinião muito bem formada, sobre a vida em geral. Desde cedo deixou claro que jamais teria filhos e achava que ninguém deveria tê-los por toda a dificuldade que a vida oferece. Era filósofo a respeito, e participou de várias discussões filosóficas, escreveu muito sobre o tema. Defendia também o suicídio, até porque era totalmente ateu e nunca acreditou na vida após a morte.

Gostava de viajar, de experimentar coisas boas, era fã de carros, as viagens preferidas dele sempre envolviam as melhores estradas no mundo com carros potentes. Aqui no Brasil ele também era fã de velocidade, e apesar de ser ateu, descrente, fazia questão de preservar as outras vidas. Tanto que jamais corria nas estradas brasileiras durante o dia... Deixava para fazer isso na madrugada, ele se preocupava em não causar acidentes porque poderia prejudicar outras famílias.

E, certo dia... Enviou cartas a todos os amigos, aos pais... Comunicando a decisão do suicídio. Deixando claro que não tinha mágoas de ninguém, que não era uma pessoa triste, e que apenas estava pronto para partir, dizia que a decisão já havia sido tomada fazia muito tempo, que estava apenas aguardando a finalização dos projetos de vida... E como eles já estavam realizados, havia chegado a hora de interromper a sua própria vida. Para preservá-lo, não irei divulgar o nome dele aqui...

Quando as cartas começaram a chegar para as pessoas... Ele já havia cometido o suicídio.

Ele não parecia ser uma pessoa triste e com conflitos. Demonstrava muita frieza e racionalidade.

E, com isso, o que aprendi? Que há pessoas que por mais que tenham tudo para serem felizes na vida, não encontram motivação para nada. Que ter tudo aquilo que se deseja materialmente não significa plenitude. 

Portanto, você, que pode ainda se sentir incompleto por ainda não ter conquistado tudo aquilo que deseja, acredite: Nem isso garante sua satisfação. Existem coisas que não têm preço, e a sua vida é uma delas...

Isso mostra o quanto ter objetivos serve de motivação. Há também quem não tenha objetivo nenhum e encontre razão para viver. Seja como for... Reflita se realmente você deve se considerar infeliz ou incompleto por ainda não ter realizado ou conquistado tudo aquilo que tem em mente.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Você espera ouvir "obrigado(a)"? Acha que essa é a única forma de agradecimento?

Há alguns anos atrás, eu e uma amiga estávamos numa lanchonete especializada em salgados. Era uma noite fria, e quando saímos de lá, ao passarmos por uma calçada, havia uma mulher sentada num degrau. Ela tinha um bebê no colo e uma caixinha com cartelas de chicletes para vender. Ao passarmos por lá, ela perguntou se gostaríamos de comprá-los, eu logo agradeci e respondi que não (até porque nunca tive o hábito de consumir) e ia continuar andando (e tagarelando). Mas minha amiga parou e perguntou a ela: 

"A senhora está com fome? Gostaria que comprássemos algo para você comer?" 

E ela respondeu que sim. 

Minha amiga perguntou: 

"O que a senhora gostaria de comer?" 

Ela respondeu: "Qualquer coisa..." 

Bom, nessa hora eu já havia "aterrissado" na situação e me dado conta que ali existia uma pessoa em condição precária. E perguntei: "A senhora prefere pastel, coxinha, quibe...?"

E novamente ela respondeu: "Qualquer coisa..."

Ficou muito claro o quanto aquela mulher realmente passava por necessidades, e o quanto ela procurava viver de forma digna. Afinal, ela buscava ganhar dinheiro honestamente vendendo os doces, e não pediu absolutamente nada. E ao oferecermos ajuda, ela aceitou e o "qualquer coisa" mostrou o quanto ela realmente precisava de algo para comer...

E lá fomos eu e minha amiga de volta à lanchonete. Pedimos ali uma bandeja, escolhemos alguns salgados, e ainda pedimos uma garrafinha de suco natural para ela.

Ao entregarmos a bandeja... Um gesto do qual jamais me esquecerei: Ela colocou no degrau, e com apenas uma das mãos (porque a outra segurava o bebê) procurava rapidamente abrir o pacote, até com um esboço de sorriso no rosto (lembro-me até dos olhos arregalados, fixos no pacote), e com uma postura extremamente humilde. 

Vendo aquela situação, eu e minha amiga não tivemos dúvidas. Abrimos nossas carteiras e todo o dinheiro que tínhamos entregamos a ela. Não era muito, infelizmente, mas para ela certamente ajudaria. E quando estávamos indo embora, desejando a ela que Deus a abençoasse,  em sua humildade e dignidade, ela nos disse: "Peguem chicletes..."

Respondemos que não, que preferíamos que ela os vendesse para outras pessoas e ganhasse um dinheiro a mais. Despedimos-nos dela, que mal nos olhou novamente, tamanha devia ser sua fome, e logo se voltou a abrir a bandeja.

Ela sequer nos disse um "obrigada". E pergunto a vocês: Precisava dessa palavra dela para sentirmos a gratidão daquela mulher? Para quem está de fora, talvez sim. Mas para nós... As atitudes dela foram muito mais valiosas do que isso. Afinal, quantos pedintes dizem "obrigado" mas no fundo desprezam a atitude de quem "deu uma moeda de pouco valor", ou recusam uma comida que oferecemos porque eles querem dinheiro...

Preste atenção em quem te diz "obrigado". E preste também em quem nada lhe diz... Pode ser que o segundo seja muito mais grato a você do que você imagina!

Quando você "faz o bem sem olhar a quem", a palavra "obrigado" torna-se dispensável e o mais beneficiado é você...

(A gratidão silenciosa daquela mulher eu jamais consegui esquecer...)