Hoje em dia fala-se muito que a educação é muito liberal,
que os pais não impõem limites aos filhos, que é muito difícil educar com tanta
“libertinagem” e restrições a qualquer ato como uma “palmadinha”, etc... Bom,
assunto sobre isso não falta. E de fato, uma educação muito liberal não é nada
recomendável e não forma bons seres humanos.
Mas há algum tempo conheci uma família que vai totalmente
ao contrário disso, cujos pais educaram
os filhos “à moda antiga”, vamos dizer assim. Achei tão raro, tão “no extremo”
do que se vê hoje, que não pude deixar de observar o quanto esse tipo de
educação, tão rigorosa, pode não ser recomendável também.
Pois bem. É uma família cujos pais tiveram 2 filhos e 1
filha, a caçula. Todos hoje na casa dos seus 30 e poucos anos. Dá gosto de ver
o quanto os pais são ligados aos filhos, o quanto os filhos respeitam e são
ligados aos pais etc... Coisa rara de se ver hoje em dia. E realmente os filhos
foram muito bem educados. Todos com estabilidade profissional, concluíram os
estudos “com louvor”, e a vida deles caminha muito bem. Mas, como nada é
perfeito... A educação foi muito rigorosa mesmo. Não violenta, porém os pais
não deixaram de impor uma “ditadura” a eles...
Por exemplo... Os 2 meninos jamais podiam sair e voltar
“tarde da noite”, não podiam viajar sem os pais, dormir fora de casa nem
pensar... Começaram a ter liberdade para isso quando já tinham seus 25, 26
anos. A garota nunca “usufruiu” disso, visto que se casou aos 23 anos. Esta
aparenta ser feliz, mas como foi criada “numa redoma”, e o marido é um cara
meio dominador (e como ela estava acostumada com o domínio do pai e com o
exemplo de submissão da mãe atraiu um padrão assim e acata tudo), ela demonstra
uma ingenuidade para muita coisa, e às vezes parece viver “no mundo mágico de Oz”...
E os meninos? Claro, ao passarem a conhecer “o mundo lá
fora”, tiveram acesso a coisas que nunca tinham tido antes, e até hoje mostram
uma extrema dificuldade principalmente em se relacionarem com mulheres.
Quando namoravam e levavam as namoradas para a casa
deles, havia regras ”tipo anos 60”. Por exemplo, jamais podiam ficar sentados
no sofá da sala ao lado delas se o pai ou a mãe não estivessem por perto.
Parece arcaico, mas sim, isso e muito mais acontecia...
Os pais chegavam ao extremo de dizer a eles que, caso
estivessem saindo com alguma moça que não fosse namorada, “não iam querer nem
saber, nem era para contar”... Ou seja? Sem diálogo em casa, tendo que lidar
com isso com exemplos de amigos... Imaginem o “desastre” que era com algumas
dessas mulheres...
E é claro que eles procuravam e procuram até hoje garotas
para curtir a vida, sair etc... É algo extremamente natural. E ambos são
bonitos, bem sucedidos, chamam a atenção de muitas garotas por isso, até por
deixarem bem claro que são ligados à família etc... Digamos que mulher é o que
não falta para eles. Com algumas, claro, é só curtição. Mas eles têm uma
tendência a se atraírem por garotas mais “reservadas”, vamos dizer assim...
E são essas que sofrem. Ficam com elas por um tempo e
depois desistem, ou de repente, resolvem faltar totalmente com o respeito por
elas. Por quê? A impressão que dá é que procuram garotas mais “reservadas”
porque inconscientemente buscam uma mulher tendo como exemplo a mãe (super
rigorosa e moralista) e a irmã (que foi criada com toda essa moral), totalmente
reclusas. Mas o que encontram na maioria são pessoas que já não tiveram uma
educação tão rigorosa quanto à deles (afinal o mundo evoluiu e a geração deles
– minha também – já não condiz com o que os pais deles impuseram e impõem como
modelo até hoje). E com o passar do tempo, ou não tanto tempo assim, essas
garotas permitem desfrutar com eles de momentos mais íntimos, o que é
perfeitamente natural também... Mas indo contra o modelo da mãe e da irmã
deles. E, de repente, até de maneira inconsciente, “a garota não serve”, “não
vai atender as expectativas dos pais” e acabam deixando-as para trás. E nem
eles devem saber explicar o porquê. Parece que racionalmente sabem que são
mulheres dignas, mas emocionalmente não acham que são e a reprovação é
inconsciente... Complicado isso, não?
Vivem num eterno
conflito mental e comportamental (que eles nem sabem que existe) entre aquilo
que aprenderam em casa e aquilo que vêem fora dela...
E aprontam mesmo. Há quem diga: “Como podem terem sido
tão bem educados e serem tão ‘canalhas’?” Aí eu pergunto, será que realmente
não dá para entender?
E quanto mais o tempo passa, mais fica difícil para eles
se envolverem. Afinal, à medida que vão envelhecendo, as mulheres que conhecem
da mesma faixa etária já têm certas vivências e experiências de vida que sua
mãe e irmã jamais puderam viver enquanto solteiras... E mesmo que apareça
alguma mulher que tenha sido tão “resguardada”, será que vai ser interessante
para eles? Se for uma pessoa sem um mínimo de vivência, mal terá assunto e o
que acrescentar a eles, que hoje já têm uma certa liberdade e já ficaram mais
experientes.
Um deles, inclusive, apesar de ser todo “metido a
pegador”, e com aquela pinta de “homem bonito e bem sucedido” (porque é mesmo),
acaba sendo ingênuo em muitos pontos... Por exemplo, se acha muito esperto com mulheres mas além
de não conseguir ter muito assunto e parecer até meio “infantil” (pode ser bem
sucedido e inteligente no trabalho, mas não parece ter muita inteligência
emocional), chega ao extremo de “dar em cima” de garotas do mesmo círculo e tem
certeza de que nunca será descoberto...
É muito raro hoje nos depararmos com exemplos assim, mas
ainda acontecem. E voltando aos pais...
Claro, fizeram o melhor que sabiam pelos filhos e não dá para julgá-los. É uma
família realmente admirável, mas... Nada é perfeito. Uma pena.