domingo, 14 de setembro de 2014

“Eu queria tanto trabalhar naquilo que gosto...”

Creio que esse texto seja útil tanto para  o jovem que está pensando em qual carreira seguir como para as pessoas já estabelecidas ou tentando se estabelecerem no mercado de trabalho.

Quantos de nós estamos trabalhando naquilo que apareceu mais como oportunidade do que por escolha;  fizemos uma faculdade cujo curso foi escolhido porque já estávamos na área, ou porque na incerteza resolvemos escolher aquele curso mais “abrangente”; lamentamos por não termos conseguido realizar um sonho, como trabalhar no meio artístico, ter nosso próprio negócio, trabalhar viajando e conhecer novos lugares...

A impressão que dá é que se conseguirmos ou se conseguíssemos entrar naquela tão sonhada área... Seria tudo perfeito, seríamos mais felizes, e encararíamos o trabalho como pura diversão!

Pessoas, não é bem assim. Todo trabalho tem seus prós e contras. De repente você se “aventuraria” a trabalhar no seu hobby, e ele deixaria de ser aquilo que você faz por puro prazer, perderia aquilo que dá um brilho especial em sua vida, porque viraria obrigação! Tenho 3 exemplos para vocês, de pessoas que conheci:

O músico
Quem gosta de música, por exemplo. Se entrasse na área, acha que ele conseguiria ficar feliz e tudo seria flores só porque ele toca música? Veja os “ossos do ofício”:

1) Deveria trabalhar em vários finais de semana

2) Precisaria passar um bom tempo estudando (ok, todo mundo sabe que o músico estuda constantemente), mas nem sempre o tipo de música que você gosta mais (diferente do amador que tem a opção de escolher tocar só aquilo que lhe agrada). Dependendo do contrato que você consegue, não consegue trabalhar no seu estilo preferido. Quantos músicos que amam rock vão trabalhar em shows de música sertaneja e pagode por exemplo, que eles não gostam. Sem contar que quem toca em casamentos em igrejas, por exemplo, toda semana vai tocar por 4 ou 5 vezes seguidas as tradicionais músicas que são comuns os noivos escolherem.

3) A maioria dos músicos precisa dar aula também, para ter um meio de renda mais fixa, visto que contratos de shows ou casamentos, por exemplo, são avulsos e claro, todos precisam de uma renda regularmente para sobreviver. E nem todo músico tem talento ou gosta de dar aula.

A amante da culinária
Eu trabalho com equipamentos de proteção de energia. Certa vez, ligou uma mulher, proprietária de uma pequena fábrica de salgados, dizendo que havia comprado uma máquina para bater massa, e por recomendação do fabricante desta, seria preciso ela adquirir um estabilizador de tensão, do contrário ela não teria garantia do produto.

Primeira coisa: Ela se assustou com o preço. Um estabilizador próprio para máquinas industriais é bem mais caro do que aqueles que estamos acostumados a ver em lojas de informática. E a empresa dela é pequena, o investimento seria alto. Mas enfim, ela precisava fazer a compra, e me perguntou: “O estabilizador pode ficar numa cozinha? É que eu tenho que lavar toda semana.” Expliquei que não seria recomendado, a não ser que ficasse num local protegido, visto que não poderia ter contato com água, vapor, etc... E que até teria como fabricar um com uma proteção para isso mas o custo aumentaria ainda mais.

De repente, pessoal, do nada, ela desabafou: “Olha, vou te falar uma coisa. Eu adorava fazer salgadinhos para minha família e amigos, e todos estimularam que eu abrisse meu próprio negócio porque certamente eu faria sucesso. Como eu realmente gostava, resolvi ir em frente e o negócio cresceu. Mas vou te falar: A gente não tem noção do que é abrir uma empresa, eu sabia que teria muito trabalho mas eu jamais ia imaginar que haveriam tantos detalhes...”

Ela sempre adorou viajar...
Conheci uma moça cujo sonho era viajar o mundo inteiro. Fez faculdade de turismo e conseguiu ser muito bem sucedida, e estava sempre viajando. Certa vez foram perguntar a ela onde ela passaria as férias, adivinhe qual foi a resposta? “Na minha casa. Eu tenho ficado no máximo 5, 6 dias por mês em casa. Durante dois, três primeiros anos de profissão foi pura curtição, hoje, não vejo a hora de chegar na minha casa quando estou viajando...”

Não estou dizendo que você não deve tentar trabalhar nas áreas que mais te agradam, mas caso isso não aconteça, não será o fim do mundo. Aprenda a gostar da oportunidade que te aparecer, pode ser tão ou mais gratificante do que trabalhar na área sonhada! Às vezes você consegue desenvolver tão bem um trabalho que nunca imaginava ter, ou ainda entra numa empresa que oferece oportunidade de crescimento e um bom ambiente, que é mais do que suficiente para você se sustentar e ficar satisfeito(a) com sua tarefa!

E se você escolhe trabalhar em seu hobby, lembre-se que a partir do momento em que ele virar obrigação, pode ser que você deixe de buscá-lo nos momentos de lazer e descontração. Aí vai ter que encontrar outra maneira para relaxar do trabalho!

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