quarta-feira, 8 de abril de 2015

"Sentimentos viram doenças" - O perigo da má interpretação

Existem vários estudos que mostram que sentimentos viram doenças que podem até matar. Raiva pode desencadear um câncer. Mania de perfeição pode causar enxaqueca. Medo de perdas pode levar ao excesso de peso. E por aí vai.

Eu até acredito que isto possa ter um fundamento. Mas vejo dois grandes perigos que cercam essa teoria para quem a estuda e nela acredita:

-A pessoa pode passar a reprimir o que sente, o que pode ser tão maléfico quanto se permitir sentir. Reprimir o que se sente só serve para protelar, porque mais cedo ou mais tarde os sentimentos ou seus efeitos virão à tona. É muito mais sábio assumir e trabalhá-los, até porque somos humanos e somos suscetíveis a eles.

-Pode haver uma confusão entre emoção e sentimento. A emoção da raiva, por exemplo, pode se manifestar de uma maneira aguda, num momento onde deixamos cair um objeto que quebra, ou quando somos aborrecidos com uma 'fechada' que levamos no trânsito, etc... Ficamos alterados na hora, xingamos, o peito queima, mas é apenas emoção momentânea, e passa. Agora, o sentimento de raiva é outra coisa. É aquele que permanece em nós, latente, 'devagar e sempre'. Esse, sim, é destrutivo. Ainda falando sobre emoção e sentimento... Vamos pensar na emoção da tristeza. Imagine que você vê um filme triste que te faz até chorar. O filme te 'toca', te deixa realmente emocionado, você chora, fica ofegante. Mas passado o filme, se recupera e pronto. Agora, imagine uma situação na sua vida que te deixou com uma tristeza grande. Não necessariamente como a do filme que te deixa ofegante e choroso, mas faz você pensar o tempo todo nisso, e isso permanece... Esse é o sentimento de tristeza, que pode te levar à destruição de si mesmo.

Uma emoção passageira não deve gerar grandes males, portanto, não precisa ficar com medo de ficar doente porque sente raiva no trânsito... Certo? 

Eu acredito também que o que realmente "mata" uma pessoa não são os sentimentos, e sim, os pensamentos que ela tem. São os pensamentos que alimentam os sentimentos. Creio que as pessoas aproveitariam muito melhor esse ensinamento se o foco do assunto fosse os pensamentos, e não os sentimentos. Até porque os sentimentos por menos nobres que sejam são nossos grandes aliados se soubermos acolhê-los com amor e aceitação, entendendo-os como um indicador de nós mesmos. São eles que indicam onde precisamos melhorar, o que temos que trabalhar dentro de nós. Ninguém deveria se sentir culpado ou ser hostilizado pelo que sente. Mas todos deveriam vigiar os pensamentos...

"Não pode ter raiva, é 'feio' e desagrada a Deus..." "Sentir inveja é um pecado..."  Esqueça esses paradigmas. Assuma o que sente, não tenha vergonha disso... E você não precisa falar para ninguém, para quê se expor a quem não interessa? Assumindo para si mesmo já é o suficiente.

Quando buscamos mudar uma maneira de pensar, quando escolhemos um novo padrão de pensamento... Aos poucos, bem aos poucos, e temos que ter muita paciência com isso porque é um processo demorado... Começamos a vivenciar dentro de nós mesmos, e passamos a ter sentimentos melhores.

Portanto, não acredito que são os sentimentos que geram as doenças, mas sim os pensamentos. Eu compararia os pensamentos com um revólver. Ele não mata, o que mata é a bala (o que comparo com os sentimentos), que só é acionada pelo revólver, ou seja, pelo pensamento.

Para quem acredita em Deus, creio que Ele reconhece o esforço de Seus filhos de se tornarem pessoas melhores. E ele abençoa esse esforço, quem sabe até os poupando das doenças que teriam se não procurassem a reforma íntima buscando-a através da mudança de pensamentos... Por que não?


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