Há quem esteja acostumado a viver nas sombras.
E, um dia, por vontade própria, ou por sugestão de alguém, a pessoa decide que
quer ir em direção à luz.
Como é bonito ouvir ou dizer isso... Parece tão
simples e óbvio, mas... Quantos
fracassam nessa tarefa, porque decididamente, não é fácil.
Quando estamos acostumados a viver nas
sombras... Estamos ali, apenas imaginando como é o ambiente, visto que não o
enxergamos na totalidade. Tocamos alguns objetos e temos referência deles no
escuro. E nossas vistas estão acostumadas e acomodadas com o escuro.
Até que, um dia, resolvemos acender a luz, ou
algo/alguém acende por nós. Imediatamente, fechamos os olhos porque esta nos
incomoda! Pedimos para apagar, ou nos sentimos tentados a isso, porque por mais
que saibamos que a iluminação é melhor, era na sombra que estávamos acomodados!
Doem as vistas. É o primeiro desconforto... Muitos desistem logo aí, nessa
primeira fase, porque se recusam a sair da zona de conforto.
E, para quem consegue entrar na segunda fase...
...vem o momento de reconhecer o local em que
estávamos novamente, porque agora está iluminado. Agora estamos vendo tal como
é, não como imaginávamos. Agora não precisamos tatear para encontrar as coisas,
tudo já conseguimos ver, até por outros ângulos... E como podem parecer
diferentes nessa hora... Podemos até ter dificuldade de reconhecer o local e
tudo o que faz parte dele. Será que é o mesmo local? Às vezes sequer
reconhecemos. Sabemos racionalmente que é o mesmo local, mas em nossos
sentimentos, em nossa emoção, a sensação pode ser outra...
Ao tocar novamente os objetos, mas agora
iluminados, pensamos: “Será que realmente são os mesmos objetos que eu
tocava?”. Podem nos parecer diferentes mesmo tocando, porque nossa percepção
mudou, mesmo que tenha sido à força.
Pode ser que nos decepcionemos. Pode ser que
IMAGINAR como tudo seria iluminado enquanto estávamos nas sombras fosse
totalmente diferente de tudo como estamos vendo agora...
Alguns podem desistir de avançar por puro medo
e ficar nessa segunda fase, ou voltar para a primeira apagando a luz... Porque
ficou tanto tempo nas sombras que se acostumou a viver desta maneira e não se
encoraja a ir para a luz. E aí... Pode surgir uma grande frustração. Queria
mudar, mas não conseguiu, por medo, ou por culpa, por achar que “só merece
viver nas sombras”, ou porque não é digno de luz. Ou, se não surge a
frustração, pode surgir o despeito, ou orgulho... A ponto de dizer que está
muito bem no caminho de sombras que escolheu, e ainda tenta convencer outras
pessoas do mesmo, afinal, se não fizer isso pode acabar sozinho. Tudo isso
porque no fundo, até inconscientemente, sabe que não foi esforçado ou corajoso
o suficiente para transcender os próprios limites.
Mas, para quem insiste... Vem a terceira fase.
A de aceitar e se acostumar com o novo ambiente.
Nessa fase, ainda veremos sombras no ambiente
iluminado... E teremos que chegar bem perto delas para que possamos enxerga-la,
ver que sombra é essa, e também para descobrirmos que obstáculo está impedindo
a chegada de luz ali. Talvez não seja necessariamente um obstáculo. Talvez seja
apenas um objeto necessário, porém fora de lugar. Basta muda-lo. Ou jogá-lo
fora mesmo, caso seja desnecessário.
E tudo isso traz um grande desconforto. Uma
tentação de voltar à sombra. Ou o simples desconforto por ter que se acostumar
na nova realidade. Aliás, muito bem dito: Na REALIDADE. Porque enquanto tudo
era escuro, podíamos imaginar todas as coisas como queríamos, não como
realmente eram!
Mas, para quem é perseverante, essa fase logo
transforma a pessoa numa grande amante da luz e do ambiente iluminado, e
lembrar-se das sombras pode causar até mal estar... Podemos desenvolver até o
medo do escuro nessas horas. Ao dormir, fechamos os olhos e não veremos nada,
apenas a escuridão... Mas vamos querer um interruptor por perto, ou um abajurzinho
ligado, uma porta aberta que permita uma passagem de luz... Porque a escuridão
total nos incomoda.
Temos como exemplo o dependente químico.
Enquanto ele escolhe estar na sombra do vício, está lá, experimentando algum
prazer físico e/ou psicológico que o satisfaz por um tempo... Mas quando
resolve mudar de caminho... Como é doloroso! Não é preciso conviver com um
dependente para sabermos o quanto esse processo de recuperação e desintoxicação
é doloroso e desconfortável. Todos sabem que o melhor que ele está fazendo é ir
em direção à luz da cura, por mais sofrimento que isto cause a ele. Ele quer ir
para a luz, mas muitas vezes a tentação e a dependência é tão forte que ele
acaba tendo recaídas...
Alguns espiritualistas dizem que nosso mundo
nunca recebeu tanta luz como agora. Como assim, sendo que quanto mais o tempo
passa, mais temos notícias tristes e desesperadoras? Muito simples: Enquanto
não havia tanta luz, ninguém enxergava tantas sombras... Só é possível
enxerga-las quando projetamos a luz! Por isso tantos dizem que estamos num
grande período de mudanças!
Quanto maior e mais escura é a sombra que nos
cerca, mais nossa visão será ofuscada quando a luz se acender! E mais
desconforto sentiremos para nos acostumarmos com o ambiente iluminado...
Portanto, quando você decidir sair das suas
sombras... Tenha coragem e vá, mesmo sabendo que enfrentará dificuldades!
Quando aquela luz se acender e cegar seus olhos... Insista, logo eles se
acomodarão. Quando enxergar o ambiente iluminado, em breve você irá se
acostumar com ele.
Quem sabe você tenha a sorte de receber não
apenas uma luz... Mas a uma luz vinda da sua estrela, aquela que o Universo te
prometeu de presente para você seguir!!!
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