É muito comum os cidadãos mais privilegiados
economicamente maldizerem as comunidades menos favorecidas.
No cenário atual do Brasil, por exemplo... A chamada
“elite” costuma criticar a população mais pobre, sem tanto esclarecimento. A
elite os chama de “encostados”, “mal educados”, “folgados”, que “sujam a cidade”
e outras negatividades. Ok, esses
julgamentos podem até ter fundamento por causa de uns (que também existem na elite), essas pessoas podem ter razão nas
irregularidades que apontam, mas...
...e se alguém da elite tivesse nascido nessas
comunidades?
É muito “cômodo” falarem e reclamarem dessa parte da
população, mas pense bem: Que educação eles tiveram? Que oportunidades eles
e/ou seus pais e demais ascendentes tiveram? Vivendo num país que não investe
em educação e concentra a riqueza nas minorias, essas parcelas da população
ficam realmente esquecidas (e todos sabemos que para as autoridades isso é uma
grande vantagem). E muitas vivem de um programa social que justamente os faz
continuarem do jeito em que estão, um “cala-boca”. Alguns realmente precisam.
Muitos se acomodam e não batalham por mais nada (até porque as autoridades não
exigem nada, justamente para que não vão atrás de esclarecimento). O
“paternalismo” existente é falso. Não é com a intenção de dar apoio, mas sim,
de acomodar... E alienar.
Você, que faz parte de uma parcela mais favorecida da
sociedade, pense: Se você tivesse nascido numa comunidade sem tanto acesso à
educação e cultura... Provavelmente não teria a mesma postura. Não teria tido
acesso a educação que teve. Provavelmente teria tido pais mais ignorantes que
não teriam dado a mesma base que têm e os fez “pensante”, nem teria convivido
com pessoas do seu círculo. Logo , não seria quem é hoje.
Agora, se tivesse
sido dada uma oportunidade ou educação para algumas daquelas pessoas que vivem
numa comunidade menos favorecida, muitas teriam mais esclarecimento e
consequentemente uma vida melhor.
“Mas há quem batalhe e consiga uma vida melhor.”
Concordo. Mas em toda sociedade é sempre uma minoria que se destaca e dá um
grande salto na própria vida, são exceções ao que infelizmente é uma regra. Em
geral, a pessoa costuma se manter da mesma maneira do ambiente em que nasceu ou
cresceu (principalmente num país como o nosso que não promove educação e
crescimento sustentável). Ainda mais nos dias de hoje, onde a competitividade
desenfreada já não faz aparecerem mais tantos “destaques” como nossos
antepassados. Avós e bisavós que não tinham nada e há anos atrás progrediram
muito... Mas era um período onde apareciam mais oportunidades de dar grandes
saltos. Hoje tudo é muito mais difícil.
Também somos vistos com preconceito lá fora pelos países
mais ricos e não gostamos. E aqueles brasileiros que concordam com a má visão
que os estrangeiros têm dos brasileiros? Eles simplesmente têm mais consciência das
fraquezas de nossa nação, são esclarecidos o suficiente para isso... Ou têm
simplesmente uma visão negativa de nosso povo, talvez de si mesmo? Mas que tal
reconhecer as potencialidades daqui? Somos mal vistos em alguns pontos, e muito
bem vistos em outro! A alegria dos vários países que estiveram aqui e se
sentiram tão bem acolhidos e encantados com o grande coração do povo brasileiro
durante a copa do mundo é prova viva disso. Nem tudo foram “flores”, claro que
em alguns pontos deixamos uma má impressão. Mas no geral a visão foi positiva.
Também temos vários cidadãos da sociedade vista como
“ativa”, “pensante”, “contribuinte” que cometem vários erros que em nada
contribui para o desenvolvimento: Dirigem embriagados, são “folgados” no
trânsito e praticam direção perigosa, jogam lixo pela janela do carro, sonegam
impostos, alimentam o tráfico de drogas, têm seguros e forjam sinistros,
compram produtos como por exemplo peças automotivas em locais ilícitos
proveniente de roubos, fazem “gato” na TV a cabo, irregularidades no meio
político... E muito mais. Há quem fale que “rouba para não ser roubado”.
Excelente desculpa para agir fora da ética. Se queremos ver mudança, a mudança
deve começar em nós.
Para quem diz que “grande parte das notícias negativas do
dia-a-dia vem das camadas mais baixas”... Pode até ser que a maior parte da
criminalidade venha delas, mas por quê? Por que são “pessoas piores”? Não necessariamente. Talvez simplesmente
porque sejam maioria na população. Proporcionalmente, todos os núcleos da
sociedade podem na mesma porcentagem cometer erros que a prejudicam.
Não pretendo “justificar” os erros e irregularidades
existentes nessas camadas não tão beneficiadas... Porém, olha-los com os olhos
da compreensão e contribuir com uma pequena parcela de compreensão e
tolerância, pode facilitar um pouco mais o desenvolvimento de um país melhor.
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