domingo, 29 de junho de 2014

"Obrigado, Deus, por ter feito meu time ganhar."

Em 28/6/2014, ao terminar o jogo do Brasil contra o Chile na copa do mundo (“agonizante”, diga-se de passagem), em entrevista, um dos jogadores brasileiros dizia que “a vitória havia sido concedida por Deus”.

Polêmicas à parte, como “Ele deixou ganhar quem merecia mais”, permito-me aprofundar um pouco nesse agradecimento.

Se perante Deus todos somos iguais, por que então Ele "permite" que a vitória seja de um e não de outro? Não haveria então uma “injustiça” aí?

Será que não seria mais óbvio analisar por outra ótica, de maneira mais objetiva? Ganhou quem se desempenhou melhor, perdeu quem foi mais fraco ou sofreu algum tipo de injustiça. Se houve ajuda de Deus, foi durante o processo (na batalha de cada jogador nos treinos e também enquanto queriam entrar na vida esportiva, na inspiração na escalação do time para a copa, etc...), não no resultado.

Aos olhos de quem é cético, a vitória brasileira de ontem nada teve a ver com Ele. Aos olhos de um chileno que possui revolta perante a Força Maior, a vitória brasileira teria sido injusta. Aos olhos de um chileno com fé, foi feita a vontade d’Ele.

Se Ele existe, lógico, é Ele quem sabe de todas as coisas, e se “não cai uma folha de uma árvore sem Seu consentimento”, não há porque questionar o fato de um time ganhar e outro não. Considerando que o futebol foi inventado na vida terrena, com regras criadas pelos homens, onde um tem que ganhar e um tem que perder... Para que questioná-Lo a respeito do resultado de um jogo? Por que responsabiliza-Lo pelo resultado, negativa ou positivamente?

A vitória e a derrota são conquistadas por nós mesmos, por nossas atitudes e segundo nosso empenho. Temos que parar um pouco de jogar tanta responsabilidade n’Ele sobre nossas derrotas (Especialmente quando existe uma disputa com outros filhos d’Ele, tão d’Ele quanto nós mesmos), bem como, sobre nossas vitórias, até porque Ele nos concedeu o livre arbítrio, logo, nossa vitória também depende muito de nós. Ele nos inspira, mas nós fazemos nossas escolhas. Então há, sim, mérito e culpa de nossa parte.

Dizer após uma disputa a frase “a vitória foi concedida por Deus”, tão inocente (creio que todos dizem isso até automaticamente), pode gerar:

-Sentimentos conformistas para quem tem fé e é perdedor. Não que a pessoa tenha que se revoltar, mas nem sempre a pessoa vai se inspirar a batalhar de verdade para se sair melhor na próxima vez. Porque, já que é “da vontade de Deus”, não se precisaria fazer nada a não ser esperar pela vontade d’Ele, correto? Então, pra que lutar para se superar? Sem contar que em algumas pessoas a filosofia de vida é: “Se eu perdi, foi por culpa minha. Se ganhei, foi Deus quem me concedeu.”. Super auto desvalorização, concorda?

-Auto desvalorização para quem venceu. Algumas pessoas não pensam tanto no próprio mérito, talvez apenas parcialmente. E acabam também perdendo a oportunidade de sentir que crer na ajuda de Deus é tão importante quanto sua própria luta e empenho, e assim, luta menos do que deveria.

-Revolta para quem crê e não se conforma quando é derrotado. Aí a fé é questionada ou até deixada de lado.

Não pretendo, de maneira alguma, questionar a fé de ninguém, tampouco gerar polêmica. Mas creio que alguns paradigmas em relação a fé devem ser avaliados. Especialmente sobre a fé submissa.

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