"Nunca mostre ao seu amor o quanto você gosta dele(a)!" - Será?

Eis um tema que gosto de polemizar: “Nunca demonstre todo o amor que você sente pela pessoa, para que ela não se acomode ou pise em você.”

Todos nós, sem exceção, pensamos assim (ou já pensamos um dia) devido a essa crença que a sociedade nos faz ter, ou mesmo por experiências já vividas.

(É claro que para tudo existe bom senso. Ninguém precisa ficar dizendo que ama 20 vezes por dia, mandar 50 mensagens e torpedos, ou atrapalhando a vida da outra pessoa com manifestações o dia inteiro... É preciso respeitar o espaço do outro. O assunto aqui é sinceridade e transparência de sentimentos, não as manifestações em si.)

Depois de tudo o que já vivi, e vi outras pessoas viverem, eu digo: Desfaça-se dessa crença! Mostre, sim, o quanto você gosta da pessoa e o quanto ela é importante para você, na fase da conquista ou mesmo no namoro. Não tenha medo, pelo seguinte...

É melhor arriscar e mostrar de uma vez quem somos e o que sentimos, até porque temos que ter auto confiança em nosso real valor e sabermos se a pessoa reconhece nossas qualidades e sentimentos por ele(a). Deixe, sim, que a pessoa saiba do seu amor. Logo ela vai te dar uma resposta se ela o merece ou não, basicamente das 5 maneiras abaixo:

1) Ela vai dar valor e te retribuir se realmente gosta de você, não vai achar que está “por cima” de você... Seria o mais sensato, mas infelizmente é o menos comum. Eu diria que é uma raridade... Quem sabe 1% dos casos...

2) Ela vai perceber o seu amor, e caso não goste realmente de você, vai acabar te deixando se ela não for uma pessoa egoísta, preferindo te ver livre para quem realmente vá gostar de você. Isto é outra raridade... Quem sabe mais 1% dos casos...

3) Ela vai perceber o seu amor, gosta de você mas vai se acomodar. Talvez uns 10% dos casos. Situação até comum, que com ajustes de ambas as partes dá para superar.

4) Ela vai “se achar” e pisar em você, mesmo gostando de você, talvez por medo de amar e/ou ser amado de verdade, talvez por carência suprida de ver o próprio ego alimentado por você, talvez por falta de amor próprio (e precise se auto afirmar “rebaixando” a pessoa que está ao lado dela, infelizmente isso acontece com muita freqüência)... Aí tem uma infinidade de “variáveis”, que não vou explorar porque não é o foco do assunto...

5) Ela vai “se achar” caso não goste de você, mas irá manter você ao lado dela (Claro, é muito cômodo manter alguém que nos ama ao nosso lado) e não te dará a atenção que merece. E ainda pode te fazer “de gato e sapato”.

E vamos admitir, os 88% de casos restantes ficam divididos entre os itens 4 e 5... É justamente por isso que vou contra à teoria do “não demonstre”. Quanto mais cedo deixarmos claro quem somos e o que sentimos, mais cedo teremos a resposta do que iremos receber. É preciso coragem, sem dúvida, afinal correremos um risco de perder logo uma pessoa que gostamos, ou de descobrirmos que ela não é aquilo que esperávamos (ou que nós não somos aquilo que ela esperava), ou que ela não é capaz de dar valor. Não tenha medo de perder a pessoa, mas sim de perder tempo de estar com uma pessoa não ideal a você. Como diz um amigo meu: “Às vezes não tem nada de errado com a pessoa, mas ela não é para você.”

E devido à crença social em questão, preferimos vestir “máscaras”, e passar um relacionamento inteiro fazendo “joguinhos” para ver “quem pode mais”... O que é uma grande insanidade. Mais cedo ou mais tarde, as máscaras caem, ninguém consegue esconder o que é, o que sente, ou como retribui, para sempre. E um relacionamento que poderia ter sido resolvido ou acabado logo no início arrasta-se por meses ou anos... Ou ainda, as pessoas perdem a oportunidade de ter momentos de grande amor por puro orgulho. Uma pena.

Há quem diga que o “mistério” seria “um tempero para o amor”. Eu acho que existem maneiras muito menos “estressantes” e mais gratificantes para temperá-lo. Quer dizer que devo deixar a pessoa que amo em dúvida e talvez preocupada para ela me querer mais? Ah, não... Dispenso! Prefiro que ela se sinta amada e confortável ao meu lado.

O “certo” seria então mentir sobre nós mesmos, esconder ou reprimir o que sentimos de bom pela pessoa, fingir quem não somos para manter a pessoa ao lado? E onde fica a cumplicidade, o verdadeiro sentido da palavra “relacionamento”, o reconhecimento do valor do outro? Esses itens sim é que deveriam pesar...

Prefira a autenticidade, sempre, ainda que o caminho seja mais difícil. Quando quiser conquistar alguém, seja você mesmo(a), do contrário será uma conquista passageira que pode machucar um dos lados, ou ambos... Se alguém te conquistar, mostre quem você é de verdade, desde o início. A pessoa com quem estamos ou queremos estar tem direito de saber quem somos de verdade.

E é sempre bom lembrar: Por maior que seja seu amor pelo outro, não deixe que seja maior do que seu amor por você mesmo(a). Mas isso é outro assunto... Que logo será postado por aqui.